Expectativa: quatro mães, cinco crianças e a ideia de mostrar como famosas estão criando seus filhos para um mundo em constante mudança. Realidade: uma bagunça deliciosa e depoimentos mais que emocionantes sobre a maternidade, comprovando que, com amor e respeito dá, sim, para enfrentar os percalços da vida moderna educando crianças conscientes e tolerantes com o próximo - mesmo quando o futuro às vezes não parece dos melhores. Reunimos em um estúdio no Rio a cantora Aline Wirley com Antonio; a atriz Danni Suzuki com Kauai; a apresentadora Kyra Gracie com Ayra e Kyara; e a ativista Luisa Mell com Enzo. Os pequenos logo se enturmaram fazendo uma farra, deixando a equipe inteira com vontade de levar para casa a garotada. As mães entraram na mesma sintonia fina e, em minutos, a capa de QUEM virou uma grande celebração, antecipando o Dia das Mães.
Aline Wirley cria o pequeno Antonio, de 3 anos, em um mundo onde foi vítima de racismo quando ela e o marido, o ator Igor Rickli, assumiram o romance, quase uma década atrás. "Ainda não sentimos nenhum preconceito direcionado a Antonio. Como que ele vai se sentir e se posicionar quando começarem a questionar se ele é branco, negro ou colorido, é difícil saber. Nesse momento, ele é só um bebezinho", diz a cantora do Rouge, que acredita que o filho vai ensinar a mãe. "Eu quero muito aprender com ele porque ele é uma mistura de nós dois. Eu acho que ele vai nos trazer muitas respostas, também", diz ela, que no dia das fotos encontrou o filhote após nove dias sem vê-lo devido a compromissos de trabalho e não segurou as lágrimas.
Aline Wirley sofreu muita discriminação racial quando começou a namorar o galã Igor Rickli, há quase uma década. Aos 36 anos, mãe do extrovertido Antonio, de 3, a cantora diz que o racismo ainda não atingiu o filho diretamente e sonha com uma evolução da sociedade. “O preconceito é uma coisa que a humanidade criou, para uma criança ele não existe. Ele não entende. E dentro da minha casa como é que vai ter? O pai dele é loiro e tem olhos claros e eu sou uma mulher negra. Eu tenho esperança de que nossos filhos criem uma sociedade melhor, sem preconceito, com mais amor e respeito”, acredita. De origem humilde, Aline teve a sua realidade transformada pela arte. A artista saiu de Cachoeira Paulista ainda na adolescência para estudar Artes Cênicas em Taubaté, mas ao atingir a maioridade que sua vida mudou, quando ela participou do programa Popstar e formou a banda Rouge, em 2002. Mais de 15 anos depois, ela vê a sua veia artística pulsar no filho. “Ele é extremamente afinado. Desde pequeno, ele já atinge as notinhas no piano. Eu quero é que ele seja muito feliz independente de qualquer coisa”, deseja. Orgulhosa, a mãe conta que Antonio, chamado carinhosamente de Caramelo pelos pais, já soma uma legião de fãs nas redes sociais. Apesar da exposição do menino na web, Aline impõe limites na exibição do filho. “Eu e o Igor somos pessoas públicas, nós gostamos muito do que fazemos e respeitamos nossos fãs. Por isso que a gente compartilha um pouco da nossa rotina com eles, desde que não invada o nosso espaço, principalmente o do Antonio. Tem gente que fala para eu criar um canal no Youtube ou um perfil no Instagram para ele, mas por enquanto acho que não é a hora, porque ele ainda está sob os nossos olhos”, pondera. Para Aline, o maior desafio da maternidade é educar o filho de forma que ele se proteja das mazelas do mundo e ao mesmo tempo contribua para a melhora dele. “Cabe a nós nos tornarmos pais com muita consciência na educação dos nossos filhos. Eu espero que daqui a uns 20 anos, nossos filhos escrevam uma história de um mundo com mais amor. Tanto eu quanto o Igor temos uma filosofia de educação com o Antonio de que ele saiba respeitar a diferença de cada um. Às vezes, a gente fica meio sem rumo e cansado com tanta notícia ruim que a gente vê diariamente, mas não podemos desistir”, exclama ela, que não pensa em ter mais filhos atualmente. “Neste momento, não. Eu acho que na fase atual do mundo, eu preciso regar bem essa plantinha para daqui a pouco quem sabe pensar em ter outro”, explica.
A cantora teve sua realidade transformada após dar à luz. “A maternidade é a maior bênção da minha vida e o meu maior desafio também. Existe a Aline antes e depois de ser mãe. Eu me questiono muito mais agora, porque eu quero ser a melhor mãe que eu puder para o Antonio. Isso significa ser uma pessoa melhor para mim. Eu me enxergo diferente como mulher. Eu fiz uma reforma muito íntima, com questões que eu achava bobas, mas que com a chegada dele, eu tive que mexer e remexer. A maternidade faz a gente ver a vida de outra maneira, faz tudo valer a pena. Nós conhecemos outra definição do que é o amor”, declara. Aline diz que as mudanças na mulher acontecem naturalmente com a chegada do filho. “É um desafio muito grande receber um ser que é totalmente dependente de você. Vai desde as coisas básicas, de pensar como você vai sustentar uma criança, de comprar fraldas, pagar escola; até a forma que você vai educar. Qual o melhor jeito? Não tem um manual! Várias vezes você pensa: ‘Ninguém me avisou que era assim’. Mesmo você lendo, relendo, conversando com mães, só quando o filho chega que você vai aprendendo na prática. Todo dia é um dia novo. É a maior responsabilidade da vida e o maior amor do mundo. A gente se supera tanto. A gente fica tão forte”, garante. Com o tempo, a cantora aprendeu a se cobrar menos. “Eu não posso achar que eu vou resolver todas as questões dele. Eu aprendi isso naturalmente. Eu sou o tipo de mulher que respeita muito os meus sentimentos, as minhas questões e tive que lidar com elas muito cedo e eu me sinto muito abençoada. Eu nunca deixei nada passar. Sempre que eu tenho oportunidade de ir a fundo nas minhas questões, eu vou e as resolvo”, afirma. A artista passou a enxergar a mãe com outros olhos e as duas se aproximaram ainda mais com o nascimento do neto. “Foi muito legal que eu resgatei e curei muitas coisas com a minha mãe com a chegada do Antonio. Eu a compreendo melhor hoje em dia. Eu consegui ver o outro lado. A maternidade e a culpa são duas coisas que andam muito juntas e eu consegui não julgar a minha mãe por nada. Só vi amor. Eu entendi que ela fez o máximo que podia. Assim como eu faço o máximo que eu posso e mesmo assim ainda falta alguma coisa, porque ele é um indivíduo. Hoje em dia, eu e minha mãe somos duas mulheres. Sempre que pode a gente conversa sobre as questões da vida e isso é muito bom”, comemora. O retorno da Rouge em 2017 fez com que Aline deixasse Antonio com o pai para ela sair em turnê com a banda. “Quando começou a história da volta, que eu fiquei quase um mês em São Paulo ensaiando, eu estranhei bastante. Eu pensei: ‘Meu Deus, estou abandonando o meu filho’. Me deu um sentimento de culpa. Mas quando eu voltei e vi que ele estava bem, eu fiquei mais tranquila. Eu percebi que ele sente que a mãe dele é feliz fazendo o que ela gosta. É difícil conciliar o papel de mãe com a carreira, mas eu preciso elogiar o meu marido, porque o Igor é demais! Ele cuida muito bem do Antonio. Nós nos apoiamos muito e respeitamos o momento de cada um. Meu marido me incentiva muito e me deixa tranquila para seguir em frente. Isso faz com que eu consiga ser mãe, ser mulher, ser profissional e sem abrir mão de ser feliz”, conclui.
Fonte e Matéria Completo em: https://revistaquem.globo.com/Capa/noticia/2018/05/especial-dia-das-maes-famosas-contam-como-criam-seus-filhos-para-os-novos-tempos.html